Risco de morte cresce 61% em tabagistas, diz estudo, o que muda a conduta médica para doença.
Fumar aumenta em 61% o risco de morte para pacientes com câncer de próstata em relação a não fumantes que têm a doença. Essa é a neoplasia de maior incidência entre os homens brasileiros, excluindo-se o câncer de pele não-melanoma, e o segundo tipo de tumor mais letal entre eles. O tabaco também eleva em 61% o risco de reincidência desse tipo de câncer.
Essas são as principais conclusões de um estudo com 5.366 homens coordenado pela Escola de Saúde Pública de Harvard (Harvard School of Public Health) e publicado no último número da revista científica Journal of the American Medical Association (Jama). Médicos ouvidos pela reportagem dizem que o estudo é “contundente” e muda as orientações até então dadas pelos médicos aos pacientes.
“Largar o cigarro passa a ser uma medida importante para ajudar no tratamento. Com esse dado, podemos dizer ao paciente que, se parar de fumar, terá maior chance de sobreviver”, avalia o urologista Gustavo Cardoso Guimarães, do Hospital A.C.Camargo.
Isso porque, afirma ele, “quando recebe o diagnóstico de câncer de próstata, atualmente, o paciente tem pouco a mudar em termos de comportamento que traga impacto a sua sobrevida.”
A pesquisa concluiu ainda que, entre os fumantes, o estágio do tumor era mais avançado no momento do diagnóstico, em média. Foram analisados homens diagnosticados durante um período de 20 anos, de 1986 a 2006. “É mais um motivo para não fumar”, sentencia o professor Edward Giovannucci, um dos autores do estudo.
Guimarães enfatiza que os dados evidenciam o quanto fumantes respondem pior aos tratamentos. Ele destaca os dados do estudo relacionados aos efeitos do tempo de exposição ao tabaco.
Homens que tinham parado de fumar há mais de 10 anos ou os que, nos últimos 10 anos, vinham fumando menos de 20 maços por ano, responderam ao tratamento de modo semelhante aos que nunca haviam fumado.
O médico Alexandre Crippa, da equipe de uro-oncologia do Instituto do Câncer do Estado de São Paulo (Icesp), afirma que estudos anteriores já sugeriam a relação entre câncer de próstata e tabagismo, mas lembra que a pesquisa de Harvard foi a que teve o maior número de participantes.
Além disso, o estudo conseguiu explicar por que essa relação é tão forte. “O estudo mostrou que o cigarro pode provocar uma alteração no PSA (um importante parâmetro de diagnóstico para tumores de próstata), o que retardaria o diagnóstico do câncer”, diz.
Segundo Crippa, “alterações hormonais provocadas pelo cigarro podem predispor a agentes carcinogênicos, o que explica a ocorrência de cânceres mais agressivos”, como o tumor de próstata, que leva à morte cerca de 12 mil por ano. Apenas o câncer de pulmão mata mais brasileiros do que ele, com pouco mais de 13 mil, segundo o Instituto Nacional do Câncer (Inca).
Para os especialistas, o cigarro ainda é associado pela população apenas ao câncer de pulmão. “É mais fácil imaginar que a inalação da fumaça vai para o pulmão e provoca doenças só nessa área. Mas alterações metabólicas levam a cânceres em outras regiões”, lembra Crippa.
O médico diz que todos os pacientes oncológicos devem parar de fumar. Isso porque o cigarro é fator de risco para pelo menos nove tipos de câncer.
Assim, verifica-se mais uma vez que fumar não tem a menor graça.
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