terça-feira, 12 de julho de 2011

Descoberta superbactéria da gonorreia resistente a todos os antibióticos

Foi descoberta no Japão e está a preocupar os especialistas em saúde pública: há uma nova estirpe da bactéria que provoca a gonorreia capaz de resistir a todos os antibióticos disponíveis. A descoberta em laboratório foi anunciada esta semana, na conferência da Sociedade Internacional para a Investigação sobre Doenças Sexualmente Transmissíveis, no Canadá. Magnus Unemo, um dos investigadores envolvidos no estudo, diz que a descoberta desta nova estirpe de Neisseria gonorrhoaeae, classificada de H041, é ao mesmo tempo alarmante e previsível. "Desde que os antibióticos se tornaram o tratamento-padrão para a gonorreia, nos anos 40, a bactéria mostrou uma capacidade extraordinária para desenvolver mecanismos de resistência a todos os medicamentos que foram sendo introduzidos."

Para já os investigadores ainda não têm noção se esta estirpe já infectou muitas pessoas ou qual a sua dispersão, mas os estudos epidemiológicos sugerem que tem potencial para alastrar rapidamente, caso não sejam desenvolvidos novos medicamentos e estratégias de combate. A gonorreia habitualmente é tratada com antibióticos da classe das cefalosporinas, semelhantes à penicilina, que parecem não funcionar com esta bactéria. Nas mulheres, metade dos casos são assintomáticos e quando não são tratados podem levar a complicações crónicas como dor pélvica ou gravidezes ectópicas. Nos homens, onde os casos assintomáticos são em número inferior (apenas 2% a 5%), a gonorreia pode contribuir para situações de infertilidade e aumenta o risco de transmissão de VIH.

Casos aumentam em Portugal Os casos de gonorreia parecem estar a diminuir a nível mundial mas em alguns países europeus, entre eles Portugal, a situação dá sinais de poder evoluir na direcção oposta. Em Maio, o Centro Europeu de Prevenção e Controlo de Doenças (ECDC) publicou a primeira análise aprofundada sobre infecções de origem sexual, para o período 1990-2009. No relatório, Portugal é o segundo país europeu onde o número de casos mais aumentou entre 2008 e 2009 (83%). No total, foram diagnosticados no país 114 casos, contra 67 no ano anterior. A doença é de notificação obrigatória desde os anos 50 e desde 1993 que não registava mais de cem casos num ano. Em 1990, o primeiro ano analisado neste relatório, eram 246. Além de Portugal, os casos parecem estar a aumentar também na Islândia, na Polónia e na Dinamarca. No total, foram reportados 29 202 casos a nível europeu em 2009. Nos Estados Unidos estima-se que sejam, pelo menos, 700 mil todos os anos. A maioria dos doentes são jovens entre os 15 e os 24 anos.

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